Abordagens cognitivo-comportamentais
no contexto escolar
As abordagens cognitivo-comportamentais no Brasil tiveram sua origem na análise do comportamento e na terapia comportamental. Com a vinda do Prof. Fred Keller para ministrar um curso de Psicologia Animal na Universidade de São Paulo, iniciou-se o ensino da Análise Experimental do Comportamento no país, na década de 1960. Nesta mesma época, no Rio de Janeiro, a primeira clínica comportamental foi criada por Geraldo da Costa Lanna, um psiquiatra que estava terminando sua graduação em Psicologia. Também, em 1969, a primeira clínica comportamental do estado de São Paulo foi inaugurada. O trabalho desenvolvido na clínica era baseado principalmente nos princípios operantes, desenvolvidos por Skinner.
O primeiro sinal de integração entre a abordagem comportamental e cognitiva se deu no início dos anos 1970, quando Raquel Rodrigues Kerbauy e Luiz Otávio de Seixas Queiroz convidaram M. Mahoney, que se encontrava no país, para ministrar um curso sobre Modificação Cognitiva do Comportamento. Neste momento, com o acesso à literatura cognitivo-comportamental, por meio dos textos de Albert Ellis e Aaron Beck, trazidos por professores universitários e por terapeutas de abordagem comportamental que conheceram as Terapias Cognitivas (TCs) com a participação em congressos internacionais, houve divisão no grupo de terapeutas comportamentais. Alguns se identificaram com os conceitos de crenças irracionais e pensamentos disfuncionais, por exemplo, e outros permaneceram seguindo as ideias operantes.
A partir disso, desenvolveu-se o movimento cognitivo-comportamental, inicialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, contando com diversas ações da comunidade de professores e terapeutas. Com o fortalecimento do movimento, na década de 1990, foram criadas associações científicas, como a Sociedade Brasileira de Terapias Cognitivas (SBTC) e a Associação Brasileira de Psicoterapia Cognitiva (ABPC), que organizaram vários eventos científicos. Apesar do movimento cognitivo-comportamental atingir o sul do país, não foi estabelecida uma abordagem comportamental, visto a forte tradição psicanalista da região.
No final da década de 1990, dois eventos foram marcantes para a abordagem cognitivo-comportamental: a tradução, para o português do livro Terapia cognitiva da depressão (de Beck, Rush, Shaw e Emery), e a fundação da Sociedade Brasileira de Terapias Cognitivas (SBTC), durante o I Congresso Brasileiro de Terapias Cognitivas. Estas diversas ações desenvolvidas principalmente ao longo das últimas três décadas foram responsáveis pelo crescimento e difusão das abordagens cognitivo-comportamentais pelas diferentes regiões e estados. Ainda há estados com pouca presença da abordagem, apesar dos esforços contínuos do movimento cognitivo-comportamental para estende-la.
O reconhecimento da eficácia das terapias cognitivas no Brasil e no mundo tem aumentado a popularidade dessas abordagens, levando-as à condição de “paradigmas dominantes” na área da psicologia clínica. Embora tal abordagem tenha tido reconhecimento pela sua efetividade e eficácia, a aplicação dos conhecimentos da abordagem cognitiva ao contexto escolar ainda se mostra incipiente. Diversos modelos já testados pelas abordagens cognitivo-comportamentais podem ser transpostos com sucesso para o contexto da Psicologia Escolar.
Como um exemplo, podemos citar o princípio fundamental da Terapia Cognitivo-Comportamental do Empirismo Colaborativo. As abordagens já encontraram evidências científicas que suportam a ideia de que o Empirismo Colaborativo, em outras palavras, a colaboração em termos de aprendizagem, do paciente com o terapeuta, é eficaz para mitigar uma série de sintomas relacionados às doenças mentais. Portanto, o conceito de que o terapeuta deve ensinar ao paciente estratégias para lidar com suas dificuldades já tem um embasamento dentro da ciência. Assim, a participação de professores e alunos na construção de estratégias de aprendizagem, ideia que pode ser derivada do princípio do Empirismo Colaborativo, pode ser interessante para criamos, dentro do contexto escolar, intervenções capazes de gerar mudanças que favoreceriam a aprendizagem.
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